segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Mais uma história de ferroviário - Dirceu Sikorski

        Desde pequeno vendo o pai trabalhar na cozinha de uma locomotiva, Sr. Dirceu já sabia o que queria fazer quando crescesse. O pai era cozinheiro, Dirceu virou maquinista e trabalhou na rede por 25 anos. Em primeiro de abril de 1971, ele começou a trabalhar na rede ferroviária na função de serviços gerais. Foi dispensado no mesmo ano, porém passou em um concurso e continuou a trabalhar. Como maquinista ele viajava pelo Paraná e Santa Catarina, seu principal trecho era Curitiba, Mafra, Porto União. A saudade é uma coisa que aperta quando se fala nas viagens que seu Dirceu realizava. “Tenho saudade de trabalhar como maquinista, do meu trabalho que era viajar. A hora que me chamavam, não tinha família, eu dizia aguenta uns dez minutos, só o tempo de pegar um pedaço de pão que estava viajando”, relembrou. O pai dele quando ainda estava na rede ao se encontrar com o trem onde seu Dirceu estava, sempre havia uma surpresa. “Quando os trens se encontravam ele me passava uma marmita pela porta do bagageiro da cozinha, tinha charque cozido, era uma delicia! Eu tinha a minha marmita de casa, mas ele sempre me entregava a que ele fazia pra mim”, recordou. A paixão pelo Trem foi devido ao pai, que sempre trabalhou como cozinheiro no vagão de uma máquina. “A gente esperava ele para comer o restinho da marmita que ele nos dava, sempre era bom quando ele vinha do trabalho. Essa história eu repetia com meus filhos. Trazia para eles, a minha marmita, ou até mesmo, algum doce”, contou. A criançada chamava muita atenção na hora em que passava o trem. “A gente dizia tchau neném, para mamãe também”, risos. Em 1971, ele passou por Marcílio Dias, trabalhou com o falecido Borba, durante o período de um mês. Fazia a limpeza de baixo do fio de telégrafo de Marcílio Dias até Canoinhas. Em algumas ocasiões levou muita madeira da Olsen, para ser exportada pra África, principalmente imbuia. Sempre muito movimentada a estação de Marcílio Dias deixou lembranças, principalmente nos finais de semana. “Aos domingos tinha a meninada que esperava o trem passar. Tenho lembrança do restaurante do Chico e da Beti, comia a marmita deles, era muito boa a comida”, falou. Em 1971 foi quando acabou a maria- fumaça. “Já em 1983 acabou o Trem de passageiros. Depois de aposentado fiz duas viagens com a maria-fumaça onde fui convidado para conduzi-la. A máquina a diesel é muito mais fácil, a maria-fumaça é muito mais difícil, tem que ter madeira boa, estar na temperatura ideal. Isso foi em meados de 2000”, disse. Um dia ao chegar a em Porto União, onde residia, a linha do trem estourou, o trem tombou. “Eu estava para me aposentar quando isso aconteceu, a linha estourou de baixo do trem, e não tem o que fazer. Ninguém se machucou. Graças a Deus”, comentou. O sonho de Seu Dirceu era que um dos filhos trabalhasse na rede, porém tudo se acabou. “Gostaria que o trem voltasse, mas não tenho mais esperança. Trabalhei até o ano 1996, quando me aposentei. A paixão continua, com certeza voltaria a fazer o trecho”, finalizou.
Escrito por Pollyana Martins.
 
Jornalista Pollyana Martins entrevistando seu Dirceu, em frente a igreja matriz
quando ele esteve visitando nossa cidade.

Ex-ferroviário Dirceu Sikorski, atualmente residindo em Porto União. 

Matos Costa SC.

Estação de Matos Costa SC.

Desmanche da linha de  Minduy a Porto União da Vitória.
Década de 90.


Última viagem de Uvaranas a Rio Negro em julho 1996.

Dirceu Sikorski Valdemar Lucas e Castro..

"Nesta data 06 julho 1980 nasci de novo. Tombou do meu lado e eu estava
com a janela aberta..." conta seu Dirceu.
Pátio de Uvaranas Ponta Grossa PR.

Seu Dirceu em frente a locomotiva.

Alceu Kinal e Laurindo Cochak....
Seu Dirceu fazendo almoço no trem no fogão de pião de trecho.
Segundo seu Dirceu: neste fogão foi feito muita carne na chapa
e não tinha coisa melhor, o assador era o SERGIO PICOLIS....
Ano de 1984, em Nova Galícia. Cardápio: polenta com frango e salada.
 

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